domingo, 17 de outubro de 2010

diário de georgios

...o meu pai escrevia diário, às vezes leio sem no entanto, ter a preocupação de entender:

a obra de offenbach está numa crise de morte, livrou-se de tudo o que era superficial e deixou a verdade aparecer. É o que ouço quando ando de metro por paris e ouço o ambiente e vejo as luzes, enquanto vou buscar a minha mulher, relembro quase nota a nota uma parte de la Périchole e encontro-me a sorrir enquanto escrevo estas linhas.

depois de se terem conhecido no chiado, os meus pais tomaram o comboio para paris onde a minha mãe arranjou trabalho num restaurante como ajudante de cozinha e o meu pai andava pelas ruas à procura de sabe-se lá o quê. Conseguia sempre encontrar alguém que a troco da companhia lhe pagava a refeição e o deixava por vezes com alguns trocos. Era ele que fazia as compras para casa e preparava as refeições para a minha mãe de forma a que ela não tinha que fazer rigorosamente nada em casa. Ele ía sempre buscá-la ao boulot.

estavam muito apaixonados.