era evidente que ao Sr. Simões não lhe apetecia atender-me ...supunha ele que, como o caso já estava resolvido, eu apenas quisesse numa forma de catarsis, tornar a rever os factos ...sem abrir novo caso. Mas, estava enganado eu queria encontrar Adel. O meu pai tinha partido, sem dizer nada a ninguém, para a sua cidade natal ...eu sabia que ele tinha partido por mor de uma tragédia, mas em Montemor, falava-se à boca pequena que o meu pai se tinha apaixonado por um jovem moreno de trinta e poucos anos ...que tinha aparecido por aqui e falava árabe com Giorgios e jogava xadrês.
foi o Sr. Simões que chegou à conclusão de não ter havido crime, paguei na altura uma pequena fortuna para encontrar o corpo do meu pai : cadáver! e, tudo fazia sentido, não podia deitar culpas a ninguém ...tinha desaparecido para parte incerta e tinha encontrado a morte num acidente na rua Lepsius. Adel vivia na rua Lepsius mas, não estava com ele à altura do acidente ...quando eu estava em Alexandria e por mor das deligências do Sr. Simões, Adel veio ter comigo ao hotel El Salamlek Palace queria ele, transmitir-me algumas palavras de conforto...
eu apaixonei-me por ele!
tinha eu também trinta anos à altura, o meu cabelo preto era mais brilhante, a minha silhueta mais esbelta, os meus olhos mais brilhantes, a minha voz mais de veludo, no entanto, pareceu-me despropositado cair nos braços do rapaz que tinha levado de Montemor Giorgios, o meu pai.
agora passados todos estes anos, quero estar outra vez frente a Adel ...e, ouvir talvez as palavras de conforto, que na altura não pude ouvir.
por isso o Sr. Simões vai abrir caso outra vez ...está com estas coisas de ser Mandrake porque a série está a passar na televisão, ou talvez porque não lhe apetece voltar a tocar no assunto.
